quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Conversa de ônibus - Para refletir.

Lá estava eu, no ônibus, indo pro trabalho após uma consulta dermatológica de Alice. Sol ardendo e dois adolescentes, sentados no banco de trás conversando coisas típicas para a idade. Tudo estava tão desinteressante(e ao mesmo tempo tão normal), tudo estava tão quente... mas de repente a conversa dos dois passou a fazer sentido para mim.

Um dos meninos começou a dizer que gostava muito do avô; que brincava muito com ele na casa da árvore e que ele era muito legal(menino 1). O outro(menino 2) também fala de seu avô, e acrescenta que gosta mais dele do que da própria mãe, e fala isso num tom de quem espera que o outro vá se surpreender com o fato de ele gostar de alguém mais do que da propria mãe. Só que ele não surpreendeu seu amigo.
Vou tentar reproduzir o resto do diálogo:

- Oxe eu também(gosto mais do meu avô)... minha mãe só faz trabalhar! - menino 1.
- É... - menino 2.
- Minha mãe é enfermera-chefe e só vive de plantão. Qdo eu era pequeno, pedia pra minha irmã ler história antes de eu ir dormir, e ela cobrava pra ler... minha mãe nunca tava me casa, pow! Qdo ela chegava lá pra 5 e pouca da manhã, eu corria pra abraçar ela, todo feliz, e ela dizia que tinha que ir dormir porque daqui a 7 horas tinha outro plantão. Aí qdo ela acordava corria pra fazer o almoço, deixava 20 reais pra cada um e ía embora trabalhar. - menino 1
- É... minha mãe é bancária e também trabalhar que só. Meu pai nem mora aqui; ele só vive viajando... - menino 2.
- À trabalho ou à lazer? - menino 1.
- À lazer, eu acho... - menino 2.
- Ele é aposentado, é? - menino 1.
- Sei não... - menino 2
- Meu pai não mora mais com minha mãe não, mas ele é legal. Me pegava na escola e me levava pra passear, às vezes. Só quem fica com a gente em casa é a empregada. Eu nunca fiz nada em casa, pow. - menino 1.
- E num é bom, não é?? - risos. - menino 2.
- A pessoa fica mal acustumada, né? Num sei nem fritar um ovo!! - menino 1.
- Dóóóó... kkkkkkk... peraí meu irmão! Nem um ovo?? Eu faço ovo, hamburguer, salcicha... só nã sei fazer essas coisas de arroz, feijão... isso eu não sei não. - menino 2.
A conversa tomou outro rumo e eles começaram a brincar um com o outro, e logo a parada do ônibus de um deles chegou e o outro seguiu saboreando sua pastilha.



Vou confessar que fiquei de cara com a conversa dos dois, e principalmente com os relatos do menino 1. Tanta naturalidade pra dizer que a mãe dele é só mais um, sabe? Que não há nada de especial na relação dos dois e que ela trabalha tanto que sua ausência é costumeira mesmo.
Sei que tem um monte de mãe que vai dizer: " E se eu não trabalhar, hein? Quem vai botar comida em casa?". Sei que não há outra solução, que temos que trabalhar mesmo, pra dar uma boa educação, boa saúde, boa alimentação e etc e tal. Mas e o tempo que temos junto com eles, o que faremos dele??
Tenho consciência que por mais que o tempo juntos seja curto, podemos torná-lo rico em qualidade. Eu mesma pretendo corrigir algumas coisas na minha rotina, para ter melhores momentos com minha Flor.
Sempre chegou cansada, estressada e qualquer coisa que Alice faz, toma proporções gigantescas e nossa relação vai minguando, minguando, minguando. 
Vou ter que aprender a fazer de um limão, uma limonada. Quero construir um relação sólida com minha filha, de respeito, amizade, confiança e muito amor, e pra isso eu preciso me dedicar enquanto é tempo.
E você, o que acha disso tudo?? Boa reflexão para quem vai passar o carnaval descasando, como eu ;)


Bjos para todos e excelentes dias de FOLIA(ou de descanso)!!!