segunda-feira, 14 de maio de 2012

Alice faz arte por toda parte.

Finzinho de tarde do sábado, eu, Ana e Alice conversando algumas excentricidade na calçada de casa ;P e eis que a Flor decide fazer arte. Só que como a arte foi muito bem feita, em sigilo total, para q só pudesse ser apreciada pelo grande público quando já estivesse totalmente concluída, demoramos a percebê-la.

Dá a hora e Ana vai embora e eu começo os trabalhos de dar banho na Flor, jantar... e quando já estamos na cama, assistindo Charlie e Lola, eis que surge a pergunta:

- Cadê meu celular? - eu perguntando a mim mesma.
- Mãe? Tu viu meu celular? - eu perguntando a vovó Ceça.
- Não Behl... dá um toque pra ele do meu! - vovó Ceça sugere.

E foram vários toques, e o bicho só chamava e ninguém achava. Aí, vovó Ceça sugere que eu posso ter deixado pela calçada, já que passamos a tarde toda por lá.
Aí, lembro que em algum momento, Alice o pegou de fato, e fomos correndo todos pra calçada, inclusive Alice toda animadinha com o fuzuê da busca pelo celular perdido.
Ligando incansavelmente pra ele, fui cavucando cada arbusto e canteiro das redondezas, quando de repente:

- Alou? Alou? - uma voz de homem surge no outro lado da linha.
- Pegaram teu celular Bethânia? - vovó Ceça, em tom espantado, questiona!
- Ai meu Deus... acho que sim... foi um homem q atendeu e desligou! - eu pensando no pior!

Ligo mais uma vez, e o homem atende novamente:

- Alou? - o homem.
- Oi... ó, quem tá falando?? É que esse celular é meu e acho que perdi... - eu quase chorando, jurando q meu 3T("T" de tijolo mesmo) valia por um 3G : P
- É... esse celular tava pendurado aqui no meu carro - o homem.

Achando a voz conhecida, perguntei:

- É seu Ernani?( Seu Ernani, é pai de Ana )
- Não. É o fiiiilho dele. - o filho de Seu Ernani, fala igual a seu Ernani.
- Marcio? É Bethânia, amiga de Ana. - eu começando a apreciar a arte de Alice.
- Oxe... essssse celular tava pendurado aqui no carro dela. - o homem, que agora atendia por Márcio.
- Meu Deus! Deve ter sido Alice! Tu avisa a Ana, que amanhã pego com ela.

Ufa... e enquanto respirava tranquila por saber q o meu 3T estava em segurança, olho pra Alice, que com cara de quem não tava nem aí, nem aqui e nem ali, esbanjava a beleza dela noite afora.
E pra que todos também possam apreciar a obra de arte da Flor, eis as fotos:




Sorrateiramente a menina meteu o celular na maçaneta do carro, e Ana saiu lá de casa até a casa dela com o meu 3T dando sopa por aí. Já pensou?? rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs... 

Bjos e até mais ;)


segunda-feira, 7 de maio de 2012

Por todas as nossas crianças.


Nas últimas semanas a caminho do trabalho sempre vejo um jovem casal dormindo
sob a cobertura de uma banca de revista desocupada. Quando não estão os dois dormindo, um está sentado, olhando os carros que passam enquanto fuma um cigarro
Hoje, o cenário foi diferente: além do casal, que dormia embaixo de uma tenda feita com lençóis, havia um menininho de cabelos cacheados, com uns 4 anos de idade. Ele estava encostado na banca, em pé olhando para rua. Acenou para alguém que estava no ônibus e voltou-se para a tenda onde provavelmente dormiam seus pais.

Me deu uma dor no coração... começou a passar um filme na minha cabeça. Poucas horas antes, minha Flor havia acordado no seu quarto, entre seus lençóis quentinhos, com muitos beijos e palavras carinhosas. Tomou seu leite e ficou brincando até a hora de mamis sair para ir trabalhar.
E aquele menininho, hein??!! Provavelmente acordou antes dos pais, sem um bom dia, sem um beijo e sem nada pra comer; sem ter o que fazer, foi pra calçada ver os carros passarem... Tão pequeno minha gente...

Sei que esta cena é "normal"; que existem outras milhares de crianças em situações similares ou ainda piores, mas é impossível, principalmente após me tornar mãe, ver esse tipo de situação e não me sentir extremamente mal.
E sobre esse assunto, Clarisse Lispector tem um poema super forte e comovente:

A fome

A fome não dorme
nem deixa dormir o menino
cuja mãe também não dorme
com suas barrigas famintas

Ele arrisca dizer "tenho fome"
e com carinho a chama "mamãe"
ela responde serena
"dorme, querido, dorme"

Mas a fome é insistente
devora-os por dentro
o menino repete o pedido
e a mãe o seu apelo

Mas ao novo pedido do filho
gritam a dor e o desespero
"dorme, menino chato"
e ele silencia, em seu medo.

No cansaço da inanição
na fraqueza das fraquezas
dormem o sono dos injustiçados:
barriga vazia, coração em dor

Seus sofrimentos não ecoam
na próxima noite será tudo igual
porque a fome não dorme nunca
não cochila, não descansa

E enquanto a fome não dorme
é triste ver gente à mingua
à espreita da certeira morte
sonhando com um prato de comida...

Aí a gente fica pensando no futuro dessas crianças, e vê tudo de forma muito incerta. Sei que filhos bem criados, muitas vezes desviam-se e cometem erros graves e com consequências duras pra si próprios e para a família como um todo, sei bem disso... Imagina então uma criança que é negligenciada em todas as suas necessidades!?


Não sou uma estudiosa da área, apesar de ter tido contato em algum momento do meu curso com assuntos ligados a criminologia , não sei se há algo de hereditário que determine a conduta moral de uma pessoa, nem muito menos listar as causas que levam as pessoas a terem desvios nesta conduta, mas acredito que uma boa criação ajuda bastante. Filhos que são bem educados, que aprendem a ter limites e que além disso recebem amor e apoio vida afora, têm grandes probabilidades de crescerem sadios nos sentidos mais amplos, concorda?
Não vou levantar nomes de possíveis responsáveis, até porque me falta conhecimento aprofundado para tal, mas sem dúvida nosso país peca nos quesitos educação, saúde e segurança. Sem falar nas questões estruturais da nossa sociedade.

Sei não... essa postagem foi mais um desabafo; uma forma de colocar pra fora um sentimento ruim que ficou em mim desde a hora que vi aquela criancinha ali tão "sozinha" e desamparada. E dizer pra cada um de vocês, sejam pais ou não, que nunca esqueçam de pedir por aquelas crianças... por todas as nossas crianças.